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Somos todos Charlie?

  • agorasimfudeu
  • 16 de jan. de 2015
  • 2 min de leitura

"O Alcorão é uma merda - Isto não para as balas", diz capa do jornal Charlie Hebdo

Muito se tem comentado na mídia sobre o massacre ocorrido no dia 7 de janeiro em Paris, na sede do semanário Charlie Hebdo. O terrível ato terrorista que ceifou a vida de doze pessoas e deixou outras cinco feridas gravemente.


Acredito ser consenso, entre os seres humanos normais, que o ato praticado pelo grupo radical islâmico é um atentado contra a humanidade. Algo desprezível e reprovável sobre todas as óticas. Qualquer fosse o motivo, nada seria suficiente para justificar tamanha atrocidade. Não quero, pois, levantar qualquer tipo de debate sobre este ponto. Gostaria de me ater à questão das polêmicas charges da equipe da revista Charlie Hebdo.


A liberdade de expressão é uma das grandes conquistas sociais do ocidente juntamente com a democracia. Graças a esse direito podemos nos manifestar, opinar e divulgar ideias sem sofrermos cerceamentos ou censuras. Obviamente, atitudes como incitação ao ódio, promoção do preconceito ou apologia ao crime não fazem parte dos direitos concedidos aos cidadãos de bem. Porém, quando esses abusos da liberdade de expressão são realizados de forma quase subliminar, como garantir que um veículo de comunicaçãol de cunho humorístico atenha-se ao humor irreverente e a comédia de crítica social e política sem bandear-se para o desrespeito, ofensa e até mesmo apologia ao ódio?


O semanário Charlie Hebdo é famoso por sua militância politicamente incorreta, usando suas charges polêmicas para críticas sociais e políticas. Chargistas famosos como o brasileiro Laerte veem a revista francesa como pioneira e um modelo a ser seguido. Porém, após as celeumas ocorridas com o islã, a partir de 2006, passei a observar mais de perto algumas charges do semanário. Passei a duvidar do meu tato para o humor. Eu que sempre me considerei tão predisposto a dar boas risadas de qualquer coisa, não consegui sentir nenhuma punção de riso ao ver as charges. As imagens me pareceram ter como único objetivo a ofensa e o desrespeito. Não percebi nenhum tipo de crítica social inteligente. Apenas ofensas diretas.Tipificação de muçulmanos como terroristas, uso desrespeitoso de imagens e pessoas religiosas, são algumas das “irreverências” apresentadas pelo Charlie.


O grupo humorístico brasileiro, Porta dos Fundos, sucesso nas redes sociais, também apresenta um humor irreverente que já rendeu a seus idealizadores processos e polêmicas. Mas, mesmo nesse caso, eles ainda conseguem arrancar de mim boas gargalhadas ao mesmo tempo em que consigo enxergar algumas críticas sociais embutidas. Ainda que, com certo peso na consciência pelos religiosos, não me furto a rir das sátiras que a trupe da internet interpreta das histórias bíblicas. Mesmo porque no Brasil, não vemos uma tipificação dos cristãos como imigrantes, miseráveis, excluídos e inferiores como ocorre com os muçulmanos franceses. Alvo preferido dos chargistas do politicamente incorreto, Charlie Hebdo.


José Sarnes


 
 
 

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